terça-feira, 6 de abril de 2010

Visão

Suspiro fechando os olhos, e então ela vem me fazer companhia como entre tantas outras vezes, preenchendo as minhas tardes manchadas de pontos vagos.
E nesse silêncio que se compõem os meus dias, aguço meus sentidos para que ela venha mais vezes e não se apague, mas que reapareça frequentemente imaginosa, vivaz, entre meus objetos gélidos e sem vida.
Ela se achega e abre o meu eu, funcionado como uma chave, desencadeia a porta para que eu veja um espetáculo. O mesmo de sempre. Passando e repassando, mas ainda não me canso, afinal eu não tenho mais nada. E quando não há mais nada habitua-se a solidão e esta te inflama a imaginação, te prende.
É este o meu vicio, a minha primavera oculta, é a tua imagem que traz a minha paz de espírito, que traça o meu sorrir e a linha do teu desenho é a minha inspiração.

Visível aos meus olhos
Deslinda o meu desejo,
sucede-se furtiva, solerte,
sobre os meus limites.

A.R.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Mortífera

Eu tenho estado tão vazia e tudo, absolutamente tudo me parece vago e sonolento.
Desmanteladas e sem cor são assim as coisas que me rodeiam; e o colorido desbota diante da falta de sentimento.
Eu tentei colorir, 'pintar e bordar', mas nem meras palavras tem me saído, que dirá cores vibrantes!
Admito, eu causei isso acomodando-me a solidão, fui gostando desse estado em que a alma da gente fica, e o desejo latente aflorando tantos pensamentos e sofrimentos que transformam-se em vícios.
Isso faz transbordar o meu limite. Eu ofusco o restante do meu brilho, e então a minha estrela se apaga e despenca nesse horizonte mórbido.
ALÍVIO.