quinta-feira, 18 de março de 2010

Silêncio, a palavra certa.


Então eu desejei o silencio e toda sua complexidade, mas eu também quis a música, a música muda, somente a letra ignorando a melodia.
E eu quis estar só, como nunca estive; não ouvir ninguém, ficar num completo esquecimento dos sons e agarrar-me aos meus intermináveis pensamentos.
Invisível. É assim que eu desejava a minha forma. Passar despercebida diante do mundo, ficar metida em min, com meus amores, com meus botões,com minhas nostalgias, desfrutando do surrealismo mental que eu inventei pra min.
Calei-me, busquei isolamento. Desviei os olhos alheios com todo esforço, mas isso não funciona muito bem quando há pessoas ao seu redor que te questionam, acompanham milimétricamente seus passos, analisam seus olhos em buscas de respostas.
Era extrema a minha necessidade em estar comigo mesma e desfrutar de um momento meu; embora eu não tivesse o tempo que julgava necessário para isso, recolhi-me até meu interior, senti a minha essência e abandonei as indiferenças.
De corpo e alma instigados; meu pensamento não foi muito além, mas o suficiente para dopar-me de instabilidade. Fiquei ali; ora vazia, ora saturada de pensamentos que fluíam e formavam espirais.
Perdi-me, mas também encontrei-me no meu silencio.


Somente ele sabia o que dizer. Somente ele conhecia as palavras certas.


A.R.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Escrevem.

Escrevem os desmiolados, solitários gente de sentimento, que sabe o que expressar tornando tudo poesia. Aqueles que transformam a batida da música em palavras e as escreve no céu azul, no teto do quarto, atrás do guarda roupa, no guardanapo do almoço...
Rabiscam aqui e ali. Abandonos da alma, ilustrações vagas, tudo foge de dentro pra fora, lançando-se ao papel.
memórias desgastadas, amizades distantes, masoquismo...tudo pelas palavras !
E se é através disso que elas florescem me arrisco a cultiva-las.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Passageira

Olhando pela janela vejo as pessoas, admiro os lugares que passam diante aos meus olhos, os pontos em que o ônibus passa direto ou aqueles em que pára, mas arranca rapidinho e não dá tempo de descer; se descer fica para traz, e ficando para traz atraso o percurso.
Tenho curiosidade, muita por sinal; me desmancho de vontade de poder ser mais próxima daqueles lugares em que meu ônibus não permite parada por enquanto.Já pensei em sair pela janela, tapear o motorista e outras coisas que me permitissem aquele contato que me é restrito; mas acabei fraquejando por medo; medo de perder meu lugar no ônibus, arriscando-o ao me levantar.Então sempre após minhas iniciativas surgem as minhas desistências; e mais tarde agradeço a mim mesma por isso. Não é falta de coragem, é cautela.Apenas quero errar meus passos o menos possível e desisto porque vejo que o motorista está certo em restringir tais paradas em lugares em que as portas abrem-se facilmente para qualquer um; isso torna tudo tão fácil, chega até a perder a graça por isso, mas o fato é que sempre tenho vontade pelo proibido, aliás isso é um ponto em comum em todos nós, tenho certeza disso.

Quem nunca sentiu tentação? E resistiu a ela. Ou não...


A.R.