Tenho na minha vista aquele guarda roupa encostado no canto, com aquelas quinquilharias dentro. A cada ano mais velho e mais pesado pra mim.
Olho sempre àquela caixa de lembranças pequenas, de uma vida que já se foi.
Dinheiro velho,
Relógio quebrado,
o cordão do Cristo Redentor, de uma viajem pro Rio;
a caixinha de gesso mal fechada, com aquela fresta, igual a minha, vazando saudades.
Saudade desse tempo anterior a mim, que eu amo mesmo sem te-lo vivido.
Com frequência penso nisso.
Amar dias que não foram seus,
Amar pessoas que não conheceu.
É vida, levas tudo
das desgraças às felicidades
vai levando
vai enterrando
vai levando...
egoísta.
A.R